“A prende mal e o Judiciário é obrigado a soltar”, afirmou o ministro
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta quarta-feira (19) que a polícia executa prisões de forma equivocada, o que obriga o Judiciário a liberar os detidos.
“É um jargão que foi adotado pela população, que a polícia prende e o Judiciário solta. Eu vou dizer o seguinte: a polícia prende mal e o Judiciário é obrigado a soltar”, afirmou o ministro.
Ainda segundo ele, muitas prisões ocorrem sem provas concretas, dificultando a manutenção dos infratores na cadeia.
A declaração gerou reação da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), que defendeu o trabalho policial e afirmou que a maioria das prisões é legal.
“Só é possível falar em prisão ‘mal realizada’ quando se detecta alguma ilegalidade e certamente essa não é a realidade diuturna das audiências de custódia realizadas no Brasil”, diz a manifestação dos delegados.
A entidade criticou comentários sem base em evidências, alegando que enfraquecem o combate à criminalidade.
Governadores como Eduardo Leite (RS) e Romeu Zema (MG) também discordaram do ministro. Zema classificou a declaração como inadequada e criticou o sistema judicial, alegando que ele concede “regalias a criminosos” em vez de proteger cidadãos de bem.
O debate sobre o tema ocorre em meio à discussão da PEC da Segurança Pública, que busca endurecer regras para a prisão de criminosos.
O ministro defendeu que o aprimoramento do sistema deve começar pela qualidade das prisões realizadas, enquanto opositores argumentam que o problema está na legislação e na atuação do Judiciário.