O município de Alegrete enfrenta problemas graves na educação pública com o fechamento de duas escolas, carência de vagas para alunos da educação infantil e unidades em condições precárias. Além disso, há um déficit significativo de professores na rede municipal, o que impacta o início do ano letivo de 2025.
EMEI Dr. Romário de Araújo segue sem reabertura

Fechada há dois anos, a Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Doutor Romário de Araújo, localizada na Avenida Caverá, foi reformada em outubro de 2023 com um investimento de R$ 250 mil provenientes de uma emenda parlamentar. A reabertura da unidade chegou a ser anunciada pelo então secretário de Educação, Rui Medeiros, mas até o momento não ocorreu.
A demora está relacionada a uma tentativa da gestão municipal da época de implementar um modelo de Parceria Público-Privada (PPP) para a administração da escola. No entanto, a proposta não foi aprovada pela Câmara de Vereadores e chegou a ser alvo de denúncia ao Ministério Público.
Chuvas intensificam problemas estruturais na EMEI Ibirapuitã e colocam segurança de alunos em risco

A Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Ibirapuitã enfrenta uma situação crítica devido a problemas estruturais graves. Durante a forte chuva que caiu na cidade nesta quinta-feira (27), a água invadiu diversas áreas do prédio, agravando ainda mais as condições já precárias da unidade.
Além das infiltrações e danos identificados anteriormente, a água escoou com intensidade por vários pontos da escola, chegando a passar pela rede elétrica, aumentando o risco de acidentes.
O vereador Leandro Meneghetti (PL), que acompanha a situação da unidade, expressou em suas redes sociais sua preocupação com a segurança de alunos e funcionários. “Isso é um absurdo. Qual pai deixaria seu filho em um local com esse nível de perigo? O mesmo vale para os trabalhadores da escola”, afirmou.
A comunidade escolar agora aguarda providências urgentes para garantir condições seguras para crianças e profissionais que atuam na unidade.
Escola Estadual Alexandre Lisboa fechada há cinco anos

Outro impasse envolve a Escola Estadual de Educação Fundamental Alexandre Lisboa, que encerrou suas atividades como unidade estadual no início de 2019, após 52 anos de funcionamento. O motivo alegado foi a baixa quantidade de alunos matriculados.
A extinção oficial da escola foi publicada no Diário Oficial do Estado em 25 de agosto daquele ano. No entanto, a área onde a escola foi construída pertence à Prefeitura de Alegrete, e a falta de regularização do terreno por parte do Estado gerou entraves para sua reutilização.
Falta de vagas e déficit de professores prejudicam ensino
Com a crescente demanda por vagas na educação infantil, a cidade enfrenta um déficit de pelo menos 200 lugares para crianças em idade de creche e pré-escola. Além disso, há uma carência de 80 professores na rede municipal de ensino.
Para tentar suprir essa necessidade, a Prefeitura de Alegrete realizou um concurso público por meio do edital n° 078/2024. Entretanto, o ano letivo de 2025 começou sem a convocação dos aprovados. Apenas agora, em março, 40 professores foram chamados e estão na fase de entrega de documentação e exames admissionais.
Escolas enfrentam problemas estruturais graves

Além da falta de profissionais, muitas escolas do município enfrentam problemas estruturais alarmantes, conforme imagens e relatos de pais e funcionários.
A situação reforça os desafios da educação pública em Alegrete e a necessidade de medidas urgentes para garantir o acesso e a qualidade do ensino na cidade.
CPERS denuncia precariedade em escolas da cidade

O Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS) Sindicato – Núcleo Central realizou, na última semana, uma caravana pela região da Fronteira Oeste para fiscalizar as condições das escolas, ouvir educadores e estudantes e debater pautas emergenciais, como o fim das Parcerias Público-Privadas (PPPs) na educação, a valorização salarial e a redução da sobrecarga de trabalho e da burocracia escolar.
Em Alegrete, a comitiva visitou diversas instituições e denunciou o abandono e a precarização da estrutura das escolas. Entre os problemas mais graves estão salas interditadas, infiltrações, falta de manutenção, rede elétrica defasada e ausência de climatização adequada.
No Instituto Estadual de Educação Oswaldo Aranha, um dos mais tradicionais da cidade, a deterioração dos prédios, a interdição de salas e o fechamento da biblioteca por falta de bibliotecário demonstram o descaso com a educação.
A Escola Estadual Farroupilha, no bairro Vera Cruz, enfrenta banheiros entupidos, fiação elétrica antiga e falta de ar-condicionado, agravados por constantes quedas de energia. No Colégio Emílio Zuñeda, a rede elétrica precária impede a instalação de climatização, dificultando o aprendizado em dias de calor intenso.
Além dessas, outras escolas estaduais da cidade, como Lauro Dornelles, Freitas Valle, Gaspar Martins, Eduardo Vargas, Salgado Filho e Marquês D’Alegrete, também foram vistoriadas e apresentaram problemas estruturais graves.
O sindicato reforça a necessidade de ações urgentes do governo estadual para garantir melhores condições de ensino e trabalho nas instituições públicas da região.