José Luiz Machado ressaltou os investimentos anunciados pela empresa, que deverão ampliar a área da cidade com cobertura de saneamento básico, passando de 17% para 70% até 2026

Nesta quarta-feira, o site SB News publicou uma entrevista com o prefeito José Luiz Machado, o “Boca”, na qual ele faz um balanço dos seus primeiros 100 dias à frente da Prefeitura.

Durante a conversa, o prefeito abordou alguns dos temas levantados pela reportagem do Fronteira 360, que analisou os primeiros meses de sua gestão. Um dos questionamentos era sobre a falta de ação da Prefeitura diante dos abusos praticados pela Corsan/Aegea.

Ao ser perguntado sobre o que estaria fazendo de efetivo para solucionar os problemas causados pela empresa, o prefeito voltou a citar as reuniões realizadas com representantes da Corsan e da Agergs — encontros que, até o momento, não resultaram em efeitos práticos visíveis para a população, que segue insatisfeita com os serviços prestados pela Corsan.

Além disso, “Boca” destacou que as reclamações recebidas pela Prefeitura foram repassadas ao Ministério Público, o que, segundo ele, seria a única medida possível no momento.

“Não podemos vir aqui e dizer que vamos aplicar uma multa na Corsan. Isso é inaplicável. Quem tem condições de chamar a empresa e colocá-la numa posição de explicação e resolutividade dos problemas das pessoas é o Ministério Público”, afirmou o prefeito — embora seja de conhecimento público, com base em exemplos como o de Passo Fundo, que é possível a Prefeitura aplicar multas à empresa.

Além disso, conforme estabelece o artigo 8º da Lei Federal nº 11.445/2007, atualizada pelo novo marco legal do saneamento básico (Lei nº 14.026/2020), o Município de São Borja tem obrigação legal e contratual de fiscalizar a prestação dos serviços públicos concedidos à CORSAN, como o abastecimento de água e o tratamento de esgoto. Essa fiscalização inclui, inclusive, a possibilidade de aplicar sanções administrativas — como multas e advertências — caso sejam constatadas falhas nos serviços, o que, segundo o próprio prefeito, é uma realidade.

Em meio às constantes reclamações da população, “Boca” afirmou que vem mantendo um bom diálogo com a empresa, citando as reuniões com o superintendente e a gerência regional da Aegea.

Ele ainda disse acreditar que os “probleminhas” ocorridos serão resolvidos.

Por fim, José Luiz Machado ressaltou os investimentos anunciados pela empresa, que deverão ampliar a área da cidade com cobertura de saneamento básico, passando de 17% para 70% até 2026.

“Isso é vida, isso é melhorar a saúde das pessoas. É saúde pública. Então, a gente sabe que tem os ‘prós’, mas também tem os ‘contras’, que é esta questão das tarifas acima do normal, e isso a gente vai corrigir. Agora, não podemos negar as melhorias”, concluiu “Boca”, ressaltando que os transtornos são momentâneos, mas os efeitos positivos serão maiores e mais duradouros.

Ele ainda afirmou que isso não se faz da noite para o dia, mas com muito trabalho e, “de certa forma, com muito transtorno”, como ocorre em toda obra.

CPI da Corsan

O prefeito também avaliou de forma positiva a criação da CPI da Corsan na Câmara de Vereadores, embora tenha ressaltado que os legisladores deverão apenas confirmar problemas que já foram detectados e encaminhados ao Ministério Público, o que coloca em xeque a efetividade da Comissão.

“O que a Corsan tiver que corrigir, será corrigido. É o que a gente já vem cobrando. Todas as irregularidades que a gente imaginou que tivesse já foram encaminhadas ao Ministério Público”, destacou José Luiz.

Segundo ele, o Ministério Público já se reuniu com representantes da Corsan, recebeu explicações e algumas das falhas apontadas já teriam sido corrigidas.

Nas redes sociais, a fala repercutiu negativamente. “Então o prefeito já está afirmando que somente o MP pode resolver os problemas enfrentados pela população em relação aos péssimos serviços da CORSAN. Sendo assim, essa CPI proposta pelos vereadores da base na Câmara Municipal não vai servir para nada, só para teatro mesmo?”, afirmou um internauta.”

Resumindo: não vão fazer nada, e nós continuaremos caindo nos buracos, com pedras soltas nas esquinas arrebentando pneus e a suspensão dos carros — como na esquina da Serafim Vargas com a Soldado M. Alves —, e continuaremos pagando o ‘pato’. Afinal, os ‘belezas’, pagos com nossos impostos, só andam de carro locado ou público”, escreveu outro são-borjense nos comentários da entrevista.