ABANDONO E PROMESSAS | Moradores da Theobaldo Klaus enfrentam décadas de espera por saneamento e regularização
A comunidade da rua Theobaldo Klaus, em São Borja, vive há décadas em meio ao abandono e à precariedade. Com histórico de ocupação às margens da antiga malha ferroviária da cidade, a população enfrenta problemas graves causados pela ausência de infraestrutura básica — em especial, a falta de saneamento.
Em dias de chuva, as ruas alagam e a água invade residências, agravando a situação de vulnerabilidade. Além dos danos materiais, os riscos à saúde são constantes. A proliferação de doenças como a dengue preocupa os moradores, que relatam um recente óbito na comunidade, atribuído a complicações causadas pela doença. A falta de esgotamento sanitário, afirmam, favorece a presença do mosquito transmissor.
“Eu queria pedir um pouco de atenção do poder público, que eles viessem aqui conversar com os moradores. Em época de eleição eles vêm pedir voto e a gente faz nossa parte de votar, mas também temos que cobrar”, afirma uma moradora, apontando o distanciamento das autoridades locais em relação às demandas públicas.
A situação da Theobaldo Klaus tem raízes em um impasse histórico. Após a desativação do serviço ferroviário, famílias passaram a ocupar a faixa de domínio da antiga Rede Ferroviária Federal. O território, posteriormente concedido à América Latina Logística e, mais tarde, à Rumo Logística, tornou-se alvo de uma longa disputa judicial sobre a posse e a regularização fundiária.
Em 2019, o então prefeito Eduardo Bonotto e o senador Luis Carlos Heinze estiveram em Brasília para buscar avanços na resolução do conflito. Em reunião com representantes da Advocacia-Geral da União (AGU), trataram da situação da Theobaldo Klaus e de outras áreas ocupadas ao longo dos 160 quilômetros da antiga linha ferroviária entre São Borja e Santiago.
Em 2021, houve outra tentativa, em que o prefeito Eduardo Bonotto, o senador Luis Carlos Heinze e o então vereador Fabrizio Neves Dipamil reuniram-se com a AGU e a empresa Rumo para tratar da regularização da área urbana que inclui a rua Theobaldo Klaus. Bonotto destacou na época a importância da pauta e afirmou que tanto a União quanto a concessionária têm sido cobradas por uma solução.
Estima-se que mais de mil famílias vivam na faixa urbana de cinco quilômetros ocupada em São Borja. Apesar dos esforços pontuais, o impasse persiste, e a população segue à espera de respostas concretas — tanto para garantir condições dignas de moradia quanto para assegurar a regularização definitiva de seus terrenos.
Enquanto o tempo passa e as promessas se acumulam, os moradores da Theobaldo Klaus continuam convivendo com alagamentos, riscos à saúde e a insegurança jurídica. O sentimento predominante é de abandono e urgência por soluções efetivas.
A reportagem do Fronteira 360 tentou contato com a Prefeitura Municipal, mas mas não obteve retorno até o fechamento da matéria. Reforçamos que nosso espaço segue aberto para possíveis explicações ou pronunciamentos oficias. Nos próximos dias, tentaremos o contato novamente.
Veja o relato dos moradores abaixo: