Durante a sessão ordinária da Câmara de Vereadores de São Borja nesta segunda-feira (26), o presidente do Legislativo, vereador João Carlos Reolon (PP), manifestou-se sobre dois temas de ampla repercussão no município: as exonerações recentes determinadas pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCE-RS) e a polêmica envolvendo o transporte público, agravada após declarações do prefeito José Luiz Machado, o “Boca”.
Ao abordar a decisão do TCE, que determinou a exoneração de servidores admitidos sem concurso público, Reolon atribuiu a origem do problema à gestão anterior do PDT no município. “Pegamos uma herança. Eu sei que os senhores não gostam muito que eu faça referência ao passado da última administração do PDT. Mas foi ela que deixou mais de 800 contratados diretamente sem a seleção defendida aqui na tribuna, e a partir dali o Tribunal de Contas começou a cobrar o prefeito Bonotto”, afirmou.
Segundo o presidente da Câmara, o caso não se trata de um erro isolado de uma administração específica, mas de uma situação acumulada ao longo do tempo. “Não é uma questão de jogar culpa no passado ou agora no presente. É uma questão que o município foi caminhando ao longo dos tempos para uma questão muito difícil, que em algum momento o Tribunal de Contas faria o apontamento”, disse.
Reolon afirmou ainda que a gestão do ex-prefeito Eduardo Bonotto (Progressistas) buscou enfrentar o problema por meio da implementação de processos seletivos e concursos. “A origem está muito longe de ser atribuída ao ex-prefeito Bonotto. O Partido Progressista pegou [a situação], apanhou e, com todo o esforço que fez, não conseguiu resolvê-la plenamente.”
Em relação ao transporte público, o vereador defendeu a condução do prefeito José Luiz Machado, que na semana anterior declarou que a situação era “insustentável” e que, se tivesse que escolher entre subsidiar o transporte ou fornecer cestas básicas, optaria pela segunda alternativa.
Reolon interpretou a postura do chefe do Executivo como parte de uma estratégia de negociação. “Tenho muita convicção de que o que ele fez, na verdade, foi o seguinte: ‘eu vou causar dificuldade para a empresa, de maneira que quanto menos dinheiro público eu puder colocar ali, assim eu farei, de maneira que eu possa colocar menos recursos e também possa sobrar alguma coisa para dar em cesta básica’.
O vereador acrescentou que a negativa inicial do prefeito foi decisiva para dois pontos: redução dos gastos públicos e manutenção do serviço.
“O prefeito agora dá a sua palavra: não vai paralisar o transporte escolar. Jamais faria isso. Mas como bom negociador, tu tem que levar a estabelecer o A para chegar no B, que é o teu objetivo — e foi assim que o prefeito fez.”
A fala provocou manifestação do vereador Júnior (PDT), que questionou a responsabilização da legenda. “O governo Bonotto esteve há oito anos no governo. Então, se foi culpa do PDT, do governo anterior, do Farelo, foi mais culpa ainda do prefeito que estava (Bonotto). Pois teve um prazo. Eram contratos emergenciais que ele poderia simplesmente ter feito novos contratos e não só prorrogar, como nós questionamos várias vezes aqui sobre essa questão das prorrogações e que deveriam ser concursados.”
Após o pronunciamento do pedetista, Reolon esclareceu que a intenção de sua fala não era personalizar a responsabilização, mas destacar que “no nascedouro da administração do PDT o problema já existia e o PDT teve doze anos e ampliou o problema.”
O vereador reforçou ainda que, sob a gestão de Bonotto, houve uma tentativa de reduzir a dimensão da irregularidade.
Em réplica, Júnior reforçou sua crítica à gestão progressista: “O PP teve oito anos. Se tava errado, por que não tirou fora?”