Uma reportagem do portal UOL revelou que descontos irregulares em aposentadorias e pensões do INSS, antes atribuídos apenas a associações, envolvem também empresas de seguros, financeiras e clubes de benefício. Destaque nacional, a União Seguradora, sediada no Rio Grande do Sul, é apontada como uma das principais responsáveis por cobranças questionadas judicialmente.

De acordo com a apuração, os valores (entre R$ 30 e R$ 90) são debitados automaticamente nas contas bancárias dos beneficiários após o depósito do INSS, sem autorização reconhecida. Em alguns casos, múltiplos descontos no mesmo mês reduzem o salário mínimo em até 25%.

Os indícios apontam para acessos irregulares a dados pessoais e falhas nos sistemas de débito automático dos bancos.

A União Seguradora, com atuação inicialmente concentrada no Sul, acumula 21 mil processos em todo o Brasil, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Entre 2021 e 2024, a empresa registrou crescimento de mais de 1.000% na venda de seguros de acidentes pessoais (de R$ 13 milhões para R$ 144 milhões), índice 30 vezes superior à média do setor. A suspeita de irregularidades reforça-se pela discrepância entre arrecadação e pagamento de sinistros: em 2024, apenas R$ 6 de cada R$ 100 recebidos foram destinados a indenizações.

Em oito estados, a seguradora não registrou nenhum sinistro, apesar de milhões em cobranças.

A Susep (Superintendência de Seguros Privados) monitora o caso, mas a empresa segue operando. Em nota, a União Seguradora afirmou que “as cobranças são legítimas”.

As cobranças ocorrem desde 2019 e já motivaram 54 mil ações judiciais contra três grupos empresariais, entre eles a União Seguradora. Apesar das negativas, aposentados alegam em processos que não contrataram os serviços e identificam assinaturas falsas em documentos apresentados pelas empresas.

O caso expõe a vulnerabilidade de idosos e reforça a necessidade de fiscalização sobre empresas locais com operação nacional. Beneficiários devem monitorar extratos bancários e contestar débitos não autorizados via Banco Central ou Procon.