Entre fevereiro e maio de 2023, a confederação teria desembolsado R$ 422 mil apenas com hospedagens para Ednaldo e seus familiares
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) elevou significativamente os salários dos presidentes das federações estaduais: de R$ 50 mil para R$ 215 mil mensais.
O reajuste, de mais de 300%, ocorre em meio a uma série de denúncias sobre gastos excessivos e supostas regalias bancadas com recursos da entidade durante a gestão do presidente Ednaldo Rodrigues.
A reportagem “As extravagâncias sem fim da CBF” de Allan de Abreu, da Revista Piauí, detalha como a CBF também custeou passagens, hospedagens e despesas pessoais de dirigentes estaduais e seus familiares — incluindo viagens particulares, como para acompanhar uma cirurgia da esposa de um cartola. Um dos gastos chegou a R$ 114 mil.
Entre fevereiro e maio de 2023, a confederação teria desembolsado R$ 422 mil apenas com hospedagens para Ednaldo e seus familiares. Ao mesmo tempo, a entidade enfrentava dificuldades para aprovar despesas básicas: o pagamento do conserto de um controle remoto usado por Dorival Júnior, técnico da Seleção, demorou quase duas semanas para ser autorizado — o item custava menos de R$ 150.
Ednaldo se defendeu, afirmando que as despesas dos familiares dos presidentes das federações são pagas por eles próprios e que os gastos pessoais de sua família foram reembolsados à CBF.
Outro ponto levantado pela reportagem é a viagem de um grupo de 49 brasileiros à Copa do Mundo do Catar, em 2022, sem qualquer vínculo com a CBF ou federações estaduais.
Todos receberam hospedagem em hotéis de luxo, ingressos para os jogos, atendimento VIP em aeroportos, e alguns chegaram a viajar de primeira classe. Um deles teria recebido um cartão corporativo com limite diário de US$ 500 (cerca de R$ 2,5 mil).
Entre os beneficiados com as viagens estavam a esposa, filha, genro, cunhada e dois netos de Ednaldo, além de amigos pessoais. O custo das despesas extras da esposa do presidente chegou a R$ 37 mil. Um deputado federal e sua esposa custaram R$ 364 mil à entidade; já um senador e sua namorada geraram uma despesa de R$ 195 mil.
Estima-se que a “comitiva paralela” da CBF no Catar tenha custado cerca de R$ 3 milhões.
A escalada dos salários e os luxos bancados pela entidade vêm gerando incômodo até entre funcionários veteranos da CBF, que consideram o nível de gastos “exagerado” em comparação com outras edições da Copa do Mundo.
Vale lembrar que recentemente o ex-jogador e hoje empresário Ronaldo Fenômeno tentou concorrer à presidência da CBF, mas desistiu após não receber apoio de nenhuma das federações estaduais. A reportagem coloca em cheque a reeleição do atual presidente, eleito após o aumento significativo de salário dos presidentes das federações que apoiaram seu projeto.
Fonte: Revista Piauí