O cinema nacional teve uma noite histórica na 78ª edição do Festival de Cannes, na França. O Agente Secreto, novo filme do cineasta Kleber Mendonça Filho, foi consagrado com três dos principais prêmios do evento: Melhor Ator, Melhor Diretor e o Prêmio da Crítica.
Wagner Moura levou o troféu de Melhor Ator pelo papel de Marcelo, um especialista em tecnologia que retorna a Recife em busca de tranquilidade, mas se depara com uma cidade mergulhada em segredos e ameaças. Com a vitória, Moura entra para o seleto grupo de atores brasileiros reconhecidos em Cannes, ao lado de Fernanda Torres — premiada em 1986 por Eu Sei que Vou Te Amar, de Arnaldo Jabor — e Sandra Corveloni, vencedora em 2008 por Linha de Passe, de Walter Salles. Ele se torna, também, o primeiro ator brasileiro a vencer na categoria masculina.
O prêmio em Cannes representa a consagração internacional de Wagner Moura, que há anos vem consolidando uma carreira de destaque também fora do Brasil. Reconhecido mundialmente por sua atuação como o narcotraficante Pablo Escobar na série Narcos, da Netflix, e por participações em produções como Sergio (2020) e Wasp Network (2019), Moura tem se firmado como um dos atores brasileiros mais influentes no cinema global. A vitória em Cannes reforça sua versatilidade e projeta ainda mais sua trajetória no cenário internacional.
O filme, dirigido por Mendonça Filho, também garantiu ao cineasta o prêmio de Melhor Diretor, consolidando sua posição como um dos nomes mais importantes do cinema brasileiro contemporâneo.
A recepção do longa em Cannes foi arrebatadora: após sua primeira exibição, o público aplaudiu de pé por 13 minutos, em uma reação que antecipava o reconhecimento oficial.
Cotado à Palma de Ouro, que acabou ficando para o filme com o filme iraniano Um Simples Accident, do diretor Jafar Panahi, O Agente Secreto sai como um dos grandes destaques do festival, que neste ano teve o Brasil como país de honra — uma homenagem aos 200 anos das relações diplomáticas com a França.
A presença brasileira foi marcante, não apenas pela homenagem institucional, mas pela força artística das produções nacionais apresentadas.
Com a consagração de O Agente Secreto, o Brasil reafirma sua relevância no cenário cinematográfico internacional após a conquista inédita do Oscar por “Ainda Estou Aqui” e celebra um dos momentos mais memoráveis da história recente do país em Cannes.