Em um episódio inédito na história recente do Congresso Nacional, o deputado federal Delegado Caveira (PL-PA), aliado de Jair Bolsonaro e integrante da chamada Bancada da Bala, levou para dentro de seu gabinete na Câmara dos Deputados um fuzil e uma pistola.
O armamento, de grosso calibre, foi exibido em imagens postadas nas redes sociais ao lado do vereador bolsonarista Zezinho Lima, da Câmara Municipal de Belém (PA).
Na publicação, o vereador segura o fuzil enquanto o deputado aparece empunhando a pistola. “Somos armamentistas. Defendemos o porte de arma para o cidadão de bem. Ele, no Congresso Nacional, e eu, na Câmara Municipal de Belém”, escreveu Zezinho.
Procurado pelo Radar, o vereador confirmou a autenticidade das armas que aparecem nas imagens. “São de propriedade do deputado federal Delegado Caveira”, declarou.
A presença desse tipo de arsenal dentro do Congresso contraria as rígidas normas de segurança da Casa, que inclui o uso de detectores de metal justamente para impedir a entrada de armamentos. No entanto, neste caso, o protocolo falhou.
Embora Delegado Caveira seja policial civil e tenha prerrogativa legal para portar arma de fogo fora do serviço, a legislação exige cautela no transporte e uso, especialmente em ambientes fechados e com aglomeração de pessoas — como é o caso da Câmara dos Deputados.
O episódio causou repercussão nos bastidores de Brasília, não apenas pelo ineditismo – não se tem registro de algo parecido na história recente – mas pelo simbolismo político da cena.
Conhecido por defender pautas radicais e propostas inconstitucionais, como a pena de morte, Caveira reafirma sua postura armamentista em um momento em que o país debate os limites do porte de armas e a escalada da violência.
Paradoxalmente, Delegado Caveira é coautor do PL 4012/2023, projeto que visa proibir o porte de armas por agentes da segurança presidencial. A proposta, segundo o texto, busca “promover uma cultura de paz” — um discurso que destoa das ações e da postura pública do parlamentar, que não só integra a Bancada da Bala, como também defende abertamente pautas como o armamento civil e a pena de morte.
A direção da Câmara ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso, mas o episódio deve levantar questionamentos sobre a segurança interna e a responsabilidade dos parlamentares no cumprimento das normas legais dentro da Casa.