A ação ocorre simultaneamente em sete estados: Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo
A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou, nesta terça-feira (15), a Operação Adolescência Segura, voltada a desarticular uma das maiores organizações criminosas virtuais do país com foco em crimes cibernéticos contra crianças e adolescentes.
A ação ocorre simultaneamente em sete estados: Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
Coordenada pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav-RJ), com apoio do CyberLab da Secretaria Nacional de Segurança Pública, a operação cumpriu dois mandados de prisão temporária, 20 de busca e apreensão e sete de internação provisória de adolescentes envolvidos nos crimes.
Até a última atualização, dois adultos haviam sido presos e seis menores, apreendidos.Segundo as investigações, o grupo se articulava em plataformas criptografadas, como Discord e Telegram, onde promovia “desafios” e competições envolvendo crimes de ódio.
Entre os delitos atribuídos à rede estão tentativa de homicídio, indução e instigação ao suicídio, incentivo à automutilação, armazenamento e divulgação de pornografia infantil, maus-tratos a animais e apologia ao nazismo.
A apuração começou em 18 de fevereiro, após um episódio brutal ocorrido no Rio de Janeiro: um adolescente lançou dois coquetéis molotov contra um morador em situação de rua, provocando queimaduras em 70% do corpo da vítima.
Enquanto o ataque acontecia, Miguel Felipe — maior de idade e integrante do grupo — transmitia a cena ao vivo para cerca de 220 pessoas em um servidor no Discord.
Ele foi preso, e o adolescente, internado provisoriamente.— Só escutei o barulho e senti meu corpo queimando — relatou a vítima, ainda em recuperação.
A polícia destacou que o ataque não foi um caso isolado. “Os administradores do servidor atuavam como uma organização criminosa altamente especializada em crimes virtuais, com foco principal em aliciar e manipular crianças e adolescentes”, afirmou a Dcav em nota.
A gravidade das ações chamou a atenção de agências internacionais, como o HSI (Homeland Security Investigations) e o NCMEC (Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas), dos Estados Unidos, que auxiliaram nas investigações com relatórios e evidências.Ainda de acordo com a polícia, o grupo utilizava estratégias de manipulação psicológica para atrair jovens em idade escolar, oferecendo recompensas internas para quem mais se destacasse nos crimes.
Os envolvidos responderão por associação criminosa, incitação à automutilação, maus-tratos a animais, entre outros crimes, com penas que podem ultrapassar 10 anos de prisão.