A Justiça do Rio Grande do Sul condenou o prefeito de Viamão, Rafael Bortoletti Dalla Nora (PSDB), a 9 anos, 1 mês e 22 dias de prisão em regime fechado por divulgar áudios íntimos de uma mulher com quem teve relacionamento e por tentar corromper testemunhas do caso.
Apesar da condenação, ele poderá recorrer em liberdade.
Segundo o Ministério Público, o episódio ocorreu em março de 2019, durante uma festa de aniversário promovida por Bortoletti.
Na ocasião, o então assessor da prefeitura reproduziu, por meio de caixas de som, gravações com conteúdo sexual explícito enviadas pela vítima. O ato aconteceu diante de convidados, entre eles aliados políticos, e teria sido motivado por vingança — em razão de desavenças com o ex-marido da mulher.
“Divulgou áudios íntimos enviados a ele pela vítima, reproduzindo-os no sistema de som da confraternização, na presença de diversas pessoas que conheciam os interlocutores”, escreveu o juiz Igor Guerzoni Paolinelli Hamade na sentença.
A mulher relatou sofrimento contínuo desde o episódio: “Eu não consigo entrar na cidade. Estou sendo falada, julgada. É muito difícil para mim. Meus filhos eram pequenos na época”, disse à Justiça.
O segundo crime ocorreu em junho de 2019. Já ciente do inquérito instaurado pela Polícia Civil, Bortoletti teria procurado testemunhas para tentar influenciar seus depoimentos, oferecendo vantagens políticas em troca de silêncio ou omissão dos fatos.
No processo, a defesa do prefeito alegou motivação política e supostas irregularidades nas provas, mas todas as teses foram rejeitadas pelo magistrado, que destacou: os áudios foram reconhecidos pela vítima e pelo próprio réu.
Além da pena de prisão, o juiz impôs pagamento de R$ 50 mil por danos morais à vítima, 80 dias-multa e negou a conversão da pena em medidas alternativas. A decisão também exclui a possibilidade de suspensão condicional, citando a gravidade dos delitos.
A defesa de Bortoletti afirmou que irá recorrer da sentença ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.