O Fronteira 360 conversou nesta semana com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de São Borja, Lucas Espíndola, e com o motorista da empresa Integração, Erlon Luiz da Rosa Rodrigues.
Além da cobrança por um maior diálogo com a empresa e os representantes da categoria dos trabalhadores do transporte rodoviário, um dos pontos centrais da entrevista foi a atuação de motoristas considerados “frios” ou “clandestinos”, que estariam pegando passageiros diretamente nas paradas de ônibus.
Embora a categoria reconheça a importância dos aplicativos regulares para a mobilidade urbana, o transporte clandestino, de pessoas não ligadas a nenhum aplicativo, é visto como um problema grave. De acordo com os entrevistados, a prática tem reduzido o número de passageiros nos ônibus, afetando diretamente a arrecadação da Integração, que já enfrenta queda no fluxo de usuários.
Além disso, os motoristas afirmam que muitas vezes estes motoristas dirigem de maneira irresponsável, causando riscos de acidentes.
Eles também afirmam que são desrespeitados pelos condutores que fazem o serviço de transporte que considerando clandestino, o que ocasiona stress e problemas de saúde mental.
No geral, eles cobram maior fiscalização por parte das autoridades responsáveis pelo trânsito para inibir esse serviço, que consideram prejudicial à empresa e ao serviço prestado por ela.
Lucas Espíndola, que é filiado à Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul e à Central dos Sindicatos Brasileiros, reforça que o pagamento de subsídios por parte do poder público para a manutenção do transporte coletivo é uma realidade em praticamente todas as cidades do Brasil.
O impasse entre Prefeituras e empresas, já foi tema de um estudo da Confederação Nacional de Municípios (CNM), que aponta que mais de 28 milhões de brasileiros vivem em áreas onde há risco real de interrupção desses serviços — um direito social garantido pela Constituição.
O levantamento aponta que 53% dos municípios com transporte público estruturado não têm capacidade plena para subsidiá-lo.
A CNM destaca que, além da falta de financiamento contínuo, o modelo de remuneração baseado apenas na tarifa técnica e a ausência de investimentos em infraestrutura agravam ainda mais a crise.
Quase 90% dos municípios afirmam necessitar de um programa federal permanente de repasse de recursos para garantir a operação e manutenção do sistema, o que demonstra que o problema não é apenas local.
Confira a entrevista abaixo: