Um soldado de 19 anos denunciou, recentemente, ter sido vítima de tortura dentro de um quartel do Exército em Barueri, na Grande São Paulo, e relatou consequências graves para sua saúde.
Um mês e meio após as agressões, Valdir de Oliveira Franco Filho afirma que perdeu os movimentos das pernas e continua vomitando sangue.
A denúncia foi formalizada em boletim de ocorrência registrado no 1º Distrito Policial de Barueri, classificada como caso de maus-tratos.
Segundo Valdir, as agressões começaram em 11 de março, apenas duas semanas após sua formatura no Exército. O estopim teria sido a perda de uma fivela do cinto do fardamento, fato que comunicou aos seus superiores.
Em depoimento, o jovem contou que foi levado para uma sala escura, sem câmeras de segurança ou testemunhas, onde foi obrigado a realizar flexões enquanto recebia chutes de coturno no peito. Durante a agressão, superiores o questionavam de forma ríspida sobre “quanto custava a fivela”.
Mesmo ferido, Valdir foi forçado a continuar os treinamentos físicos, sentindo dores e o gosto de sangue na boca.
Naquela noite, ainda de acordo com a vítima, ele foi trancado em seu alojamento e, no dia seguinte, submetido novamente a atividades físicas intensas. Com o agravamento dos sintomas, foi encaminhado ao Hospital de Serviço de Assistência Médica de Barueri (Sameb) — sem o conhecimento de seus familiares.
Depois de vomitar sangue em excesso durante o jantar, Valdir precisou retornar ao Sameb, onde recebeu a recomendação de três dias de repouso, orientação que o Exército, segundo a denúncia, ignorou.
Em 12 de março, o soldado foi levado ao Hospital Militar de Área de São Paulo (HMASP), no bairro do Cambuci. Exames realizados na unidade descartaram doenças preexistentes, reforçando a suspeita de lesões provocadas por agressões.
Uma ressonância magnética realizada posteriormente, em 14 de abril, identificou que Valdir desenvolveu sacralização da vértebra L5 — uma condição em que há fusão parcial ou completa da quinta vértebra lombar ao sacro, podendo provocar dores intensas e alterações graves na coluna.
A condição pode ser consequência de traumas severos.
Em entrevista ao portal Metrópoles, o advogado de Valdir afirmou que seu cliente “viveu dias de tortura no alojamento do Exército, para onde foi enviado com a missão de cumprir seu dever cívico”.
O Exército Brasileiro informou que instaurou uma sindicância para apurar o caso.