O transporte público em São Borja atravessa um momento delicado e de incertezas. Em declaração a Folha de São Borja, o prefeito José Luiz Machado “Boca” revelou que solicitou à Agência Reguladora dos Serviços Públicos Municipais (Agesb) planilhas com dados financeiros da empresa Integração, concessionária responsável pelo serviço na cidade.
Segundo ele, a operação do transporte coletivo está se tornando economicamente insustentável.
Embora a crise tenha se agravado nos último anos, o problema já é conhecido da gestão municipal desde 2021. Em 11 de novembro daquele ano, o então prefeito Eduardo Bonotto convocou uma reunião com vereadores, representantes da Agesb, da empresa Integração e setores da Prefeitura, como os departamentos Jurídico e de Trânsito, para debater a situação do transporte coletivo.
O encontro, aberto à imprensa, revelou um cenário preocupante: o número de usuários não era suficiente para cobrir os custos do serviço, agravados pelo aumento no preço dos combustíveis, manutenção e outros insumos.
Na ocasião, também foram discutidos o reajuste tarifário e o descontentamento dos trabalhadores rodoviários com o parcelamento de salários. A administração municipal buscava, ainda naquele período, alternativas como reorganização de linhas e uso de veículos mais econômicos para evitar a interrupção do serviço.
Atualmente, a baixa demanda de passageiros e a crescente concorrência com aplicativos de transporte estão entre os principais fatores que comprometem a viabilidade do sistema.
“Sei que é um serviço importante, mas é só ver o percentual de pessoas que usam ônibus: baixíssimo. Se precisar optar, a Prefeitura não vai deixar de dar cesta básica a quem tem fome para manter incentivos ao transporte”, afirmou o prefeito.
“Boca” comparou a situação de São Borja com a de municípios vizinhos como Santiago e São Luiz Gonzaga, que já não contam mais com transporte coletivo urbano por falta de apoio financeiro do poder público.
Além disso, o prefeito ressaltou a necessidade urgente de regulamentar os serviços de transporte por aplicativo na cidade.
Ele apontou que esses motoristas atuam em condições semelhantes às dos taxistas, porém sem o pagamento do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN).
“Não quero prejudicar ninguém, mas o que não pode é táxi pagar imposto e os aplicativos não. É preciso isonomia. Quem labuta no mesmo setor tem que ter o mesmo encargo”, argumentou.
Sem medidas concretas para reverter a crise, o transporte público em São Borja pode enfrentar um desfecho semelhante ao de outras cidades da região, colocando em risco a mobilidade de parte da população que ainda depende do serviço.