Com informações do G1 RS
Era para ser um domingo comum. Uma ida rápida ao supermercado com o marido e o bebê de seis meses no carrinho. Mas bastaram alguns segundos para mudar toda a rotina de uma família em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre. No dia 9 de março, uma mulher foi atingida por 1,6 tonelada de caixas de leite condensado que desabaram dentro do Via Atacadista.
Pela primeira vez, ela falou publicamente sobre o acidente, que a tirou da rotina, da profissão e da autonomia. A mulher, que prefere não ser identificada, era esteticista e tinha a agenda cheia até abril. Hoje, está afastada, sem renda e com limitações severas no dia a dia.
O bebê saiu ileso e o marido teve uma fratura no braço. Ela foi a mais atingida: precisou de três cirurgias — na pelve, na mão e na base da coluna. Desde então, enfrenta uma lenta e dolorosa reabilitação.
“Vivo com dor, com sequelas ainda sendo tratadas, mas sem certeza nenhuma de que voltarei ao normal, sem poder fazer as coisas para meu filho, minha casa, minha rotina de antes. Tudo hoje tenho limitações, nada consigo fazer como antes. Vivendo um dia de cada vez”, relatou em entrevista ao G1 RS.
Logo após o acidente, a vítima foi encaminhada ao Hospital de Pronto Socorro de Canoas e, em 13 de março, transferida para o Hospital São Lucas da PUCRS, em Porto Alegre, com os custos bancados pela rede de atacado.
A advogada da vítima, Michelle Martins, afirmou ao G1 RS que a empresa tem prestado “suporte pontual em alguns aspectos do tratamento”, incluindo reembolso parcial de remédios, cuidadora, e algumas sessões de fisioterapia e psicoterapia.
As lembranças daquele dia ainda a atormentam. “Meu filho! Minha primeira preocupação quando aconteceu, se ele estava bem, se tinha acontecido algo com ele, e depois não lembro de mais nada, só de estar no hospital e nas condições que eu estava, no ambiente que eu estava.”
Ela também revelou seu maior desejo: “Que eu volte a ter a minha vida de antes, devido à situação que tomou uma proporção tão grande nos noticiários. Que eu fique sem sequelas, pois ainda estou em tratamento, sem dores, pois ainda sinto dor, e que eu consiga viver sem as recordações e o medo que aquele fatídico dia me causou. Eu ainda tenho pesadelos.”